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“[..] todos nós estamos presos a medos diretivos, rapaces; a ansiedade antecipatória e a falta de permissão ditada por nosso passado individual. Todos nós, em suma, vivemos em casas assombradas e, na melhor das hipóteses, coexistirmos com essas presenças espectrais.” James Hollis.

 

 

 

 

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Imagem: Remédios Varo [1908 -1963], Reunião, 1959.

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assombraçoesNão é só entre o Halloween e Finados que precisamos dar conta dos fantasmas de nossas vidas. Quem está livre da assombração de suas memórias, medos e culpas? Quem imune a um legado doloroso deixado por pai ou mãe? Isento do trauma da traição? Uma extensa linha conecta os curandeiros primitivos, aos exorcistas medievais, aos hipnotizadores, aos consultórios de psicologia de hoje. 

Entender que, muitas vezes, não só nossas intenções conscientes são insuficientes para atingir os objetivos a que nos propomos, mas estamos à mercê de movimentos ou energias internas invisíveis que sabotam nossos melhores planos, pode ser uma experiência assustadora. Em Assombrações: Dissipando os fantasmas que  dirigem nossas vidas, o analista junguiano James Hollis explora a possibilidade de compreender psicologicamente essas presenças espectrais de nossas vidas. 

Sobre nossos comportamentos, conscientes e inconscientes, que são movidos por culpa,  vergonha e ansiedade e que se apresentam em nossas vidas através de conhecidos padrões de evitação, supercompensação e auto-sabotagem, Hollis escreve: 

“Já ouvi tantas pessoas se escoriarem por terem voltado a cair num velho padrão destrutivo de um tipo ou de outro. Nós temos que aprender a nos perdoar por termos tantas assombrações espectrais, porque temos história, e a história inscreve suas mensagens profundamente em nossa neurologia e nossa psicologia. […] Todos nós sabemos, de forma fácil e bastante segura, onde estamos presos. Então, por que é que não conseguimos nos desprender? Castigamo-nos por estarmos presos e fazemos resoluções na passagem do ano para conseguir nos desprender. Parte da razão pela qual ficamos presos é que há um complexo bloqueando a nossa vontade, a nossa intencionalidade, pelo menos tão forte quanto nossa vontade, a nossa intencionalidade, pelo menos tão forte quanto a nossa esperança de avançar.” (p. 116). 

 

Como exorcizar estas presenças em nós e  romper com as “casas mal-assombradas” em que vivemos? Como dissipar nossos fantasmas internos? Hollis concordaria que o autoconhecimento que um bom processo psico-terapêutico oferece, certamente, há de ajudar! É através dele que poderemos diferenciar, nas exigências das corredeiras e obstáculos da vida, aquilo que é  necessário reconhecer e honrar, em nós e o mundo, e aquilo para o qual que precisamos encontrar novas formas de reação e imaginação. 

“Lá embaixo, nos platôs mais baixos de nossas histórias, está o terror do abandono, a perda da aprovação e do apoio necessário do outro. Lá embaixo está o terror das forças incursivas que nos aniquilam ou pelo menos nos ferem gravemente. No entanto, sob esse peso opressivo do passado reiterativo, que inibe e aprisiona, o desejo, a força vital elementar, ainda corre. O desejo é o motor da vida, mesmo quando as desrodens do desejo marcam a  todos nós de formas singulares. Abaixo de cada desordem do desejo há, contudo, uma profunda vontade de crescer , de expressar, de servir à vida de modo mais pleno. O reino do desejo com suas várias desordens é precisamente o lugar que temos par redimir a vida que estamos destinados a viver, para servir a vida e tornar os fantasmas menos assustadores”. (p.201)

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LIMA, A. A. Fantasmas e Assombrações: James Hollis sobre as influências invisíveis que atravessam nossa vida. 2020. Disponível em; <http://www.ressonancias.com/fantasmas-e-assobracoes>. Acesso em: dia/mês/ano.

Comments(1)

  • Clara miriam
    3 de novembro de 2020, 02:29

    Muito interessante