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Um dos temas centrais dos escritos do psiquiatra suíço Carl Gustav Jung é a relação, muitas vezes conflituosa, entre diferentes aspectos na psique, como consciência e inconsciente, pensamento racional e imaginação autônoma, bem e mal. Como conciliar em nós aquilo que insiste em permanecer e aquilo que quer se transformar?

Um dos temas centrais dos escritos do psiquiatra suíço Carl Gustav Jung é a relação, muitas vezes conflituosa, entre diferentes aspectos na psique, como consciência e inconsciente, pensamento racional e imaginação autônoma, bem e mal. Como conciliar em nós aquilo que insiste em permanecer e aquilo que quer se transformar?

Em Memórias, Sonhos e Reflexões, uma compilação de entrevistas textos em formato de autobiografia publicada no fim de sua vida, tem-se a percepção da intensidade com que Jung não só pensou e estudou exaustivamente a questão, mas, fundamentalmente, a vivenciou. Seu olhar retrospectivo salienta o resultado do trabalho psíquico de toda uma existência: as pazes com o paradoxo.

Ao fim e ao cabo, não mais uma questão de isto ou aquilo, mas isto e aquilo.

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O mundo no qual penetramos pelo nascimento é brutal, cruel e, ao mesmo tempo, de uma beleza divina. Achar que a vida tem ou não sentido é uma questão de temperamento. Se o não sentido prevalecesse de maneira absoluta, o aspecto racional da vida desapareceria gradualmente, com a evolução. Não parece ser o que ocorre. Como em toda questão metafísica, as duas alternativas são provavelmente verdadeiras: a vida tem e não tem sentido, ou então possui e não possui significado. Espero ansiosamente que o sentido prevaleça e ganhe a batalha.” (p.310)

Para Jung, tanto em sua teoria quanto em sua trajetória, questionar-se sobre o sentido vida é uma decorrência do viver e um dos seus aspectos mais humanos. Simultâneo ao desejo que todos temos de plenitude, há um convite da vida para encararmos o mundo através da nossa própria humanidade: nosso “não sentido”, nossas dores e feridas. É uma perspectiva que pode ser surpreendente e revelar uma nova abertura para o maravilhoso e terrível desconhecido da existência.

Créditos de Imagem: Don Quijote, pintura de Octavio Ocampo

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LIMA, A. A. Jung sobre a natureza e seu sentido, 2016. Disponível em; <http://www.ressonancias.com/jung-sobre-a-natureza-da-vida-e-seu-sentido>. Acesso em: dia/mês/ano.