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A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte. Arte? Arte, para que?

 

 

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GROSZ, George. Desempregados, 1936.

A arte, dizia C. G  Jung,  é uma atividade psicológica e tem, portanto, uma estreita conexão com o campo da Psicologia. O artista, ao retratar lembranças e expectativas, temores e esperanças, constrói uma ligação entre realidade e imaginação, e lança uma ponte entre consciência e inconsciência.

Nas linhas deste argumento, os filósofos Alain de Botton e John Armstrong propõem em  A Arte como Terapia, uma reflexão didática sobe como, afinal de contas, a arte pode contribuir para o dia-a-dia das pessoas comuns. O emprego da palavra terapia aqui não é feito no sentido comum, e um tanto pesado, de um sofrimento que precisa de cura, mas de um processo que acontece nas nossas tentativas de compreender nossas complexidades. Segundo eles – e também para Jung – a atenção cuidadosa dedicada às imagens artísticas tem um impacto sobre a psique, cujo efeito é terapêutico por  proporcionar um “reajustamento” de alguma atitude psicológica.

“Como outros instrumentos, a arte tem o poder de ampliar nossas capacidades para além dos limites originalmente impostos pela natureza. A arte compensa algumas de nossas fraquezas inatas, nesse caso, mais mentais que físicas, fraquezas que podemos chamar de fragilidades psicológicas.  Aqui propomos que a arte (categoria que inclui obras de design, arquitetura e artesanato) é um meio terapêutico que pode ajudar a guiar, incentivar e consolar o espectador, permitindo-lhe evoluir.”

Sendo a alma humana tão rica em dificuldades e insuficiências, dá para fazer um lista infindável de áreas onde a arte pode nos ajudar. Botton e Armstrong falam de sete funções da arte  e mostram, através de exemplos e ilustrações, formas como uma pessoa comum pode se refletir a partir da imagem .

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  1. Um corretivo para a memória fraca: a arte torna os frutos da experiência memoráveis e renováveis. É um mecanismo para conservar em boas condições as coisas preciosas e nossas melhores percepções além de torná-las publicamente acessíveis. Ela entesoura nossos ganhos coletivos.
  2. Um provedor de esperança: A arte mantém á vista as coisas alegres e agradáveis, pois sabemos como é fácil cairmos em desespero.
  3. Uma fonte de dignidade para o sofrimento: a arte nos lembra do lugar legítimo do sofrimento numa boa vida, para sentirmos menos pânico com as dificuldades, reconhecendo-as como parte de uma existência nobre.
  4. Um agente de equilíbrio: A arte codifica com invulgar clareza a essência das nossas boas qualidades, mantendo-as diante de nós em diversos meios de comunicação, para ajudar a reequilibrar nossa natureza e nos guiar para as melhores possibilidades.
  5. Um guia para o auto conhecimento: A arte pode nos ajudar a identificar o que é central para nós, mas difícil de expressar em palavras. Boa parte do que é humano não está prontamente acessível na linguagem. Podemos segurar um objeto artístico e dizer, de maneira confusa mas significativa:” Isso sou eu”.
  6. Um guia para a ampliação da experiência: a arte é o acúmulo imensamente sofisticado das experiências dos outros, que nos são apresentadas em formas bem montadas e bem organizadas. Ela pode nos oferecer alguns dos exemplos mais eloquentes das vozes de outras culturas, de modo que o envolvimento com obras de arte amplia as noções que temos de nós mesmos e do mundo. De início, grande parte da arte prece “alheia a nós”, mas descobrimos que ela pode conter ideias e atitudes que podemos incorporar de maneiras enriquecedoras. Nem tudo o que é necessário para nos tornarmos versões melhores de nós mesmos já está à mão.
  7. Um instrumento de recuperação da sensibilidade: A arte remove nossa casca e nos salva do habitual descaso pelo que está ao redor. Recuperamos a sensibilidade; olhamos o velho de novas maneiras. Deixamos de supor que as únicas soluções são a novidade e o glamour.”

Para conhecer um pouco mais do projeto Arte como Terapia, visite o site que acompanha o livro  http://www.artastherapy.com/about (em inglês)

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LIMA, A. A. Arte para que? Para viver melhor,, 2017. Disponível em; <http://www.ressonancias.com/arte-para-que-para-viver-melhor>. Acesso em: dia/mês/ano.