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O mestre zen Thich Nhat Hanh sobre o amor verdadeiro e as práticas que permitem que ele prospere.

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Existe um número sem conta de definições divergentes sobre o amor. Não só os poetas, mas também os místicos, os teólogos, os filósofos e psicólogos, todos têm um palpite sobre o tema. O amor resiste e permanece, mesmo assim, misterioso e inesgotável.

A Arte de Amar é uma coletânea de insights a respeito do que é o amor e o que torna possível sua a vivência. De autoria do querido Mestre Zen Thich Nhat Hanh, pioneiro do budismo engajado e precursor no ocidente das práticas meditativas que levam a um estado mental de atenção plena (mindfulness), o volume é fininho e a linguagem é simples e direta. Mas que o leitor não se engane quanto a profundidade do texto: longe de ser leitura rápida, são proposições destiladas para a reflexão, frases que podem e devem ser serem lidas e relidas.

A proposta de Thich Nhat Hanh busca, para além da observância dos preceitos budistas, maneiras concretas de estar no mundo de forma mais gratificante e amorosa. Em A Arte de Amar, o ensinamento central está na afirmação de que consciência e sentimento não são coisas separadas, muito pelo contrário:

Compreensão é a natureza do amor. Entender o sofrimento do outro é o melhor presente que podemos oferecer ao nosso semelhante. A compreensão é o outro nome para amar. Quem não compreende, não ama (p.10)”.

É uma visão da energia amorosa como algo orgânico, natural. “O amor é algo vivo, que respira. Não há necessidade de forçá-lo a crescer numa direção específica”. No entanto, o potencial individual para a experiência do amor e da felicidade varia, na proporção da maior ou menor capacidade de cada um para a compreensão e compaixão. É essa capacidade que, quando expandida, nos torna melhores amantes.

“Se colocarmos um punhado de sal em um copo de água, a água fica intragável. Porém, colocando sal em um rio, as pessoas poderão continuar a usar a água para cozinhar, lavar, beber. O rio é imenso e tem capacidade para receber, acolher, transformar. Quando nossos corações são pequenos, nosso entendimento e compaixão são limitados, e nós sofremos. Não conseguimos aceitar nem tolerar os demais e suas limitações, e exigimos que eles mudem. Porém, quando nossos corações se expandem, nada disso nos faz sofrer. Nós temos muita compreensão e compaixão, e podemos acolher o próximo. Aceitamos as pessoas como elas são, e então todos tem uma chance de se transformar. Portanto, a questão mais importante é: como ajudar nossos corações a crescerem? (p.8)”

São textos que, por um lado, ajudam a entender que cara tem o amor que é curativo e transformador e, por outro, indicam como estabelecer vivências e relações pautadas por essa consciência amorosa.
De forma breve e precisa, são apresentados os elementos do amor segundo a visão tradicional budista (a bondade, a compaixão, a alegria e a não discriminação) e discutida a função de cada um destes aspectos nos relacionamentos. Refletindo a respeito de paixão, sexo, família, filhos, amizades, thay-s-drawingo Mestre Zen aponta com singela clareza o papel do respeito, da confiança, da escuta profunda e do diálogo amoroso na construção de vínculos sadios.

Sim, o amor é uma dádiva, mas pode ser, também, uma prática. Neste sentido, A Arte de Amar inclui alguns mantras e meditações curtas, para fazer sozinho ou acompanhado. Àqueles que decidirem colocar o método à prova, atenção que as instruções trazem uma dica preciosa: o exercício do amor tem início com saber escutar a si mesmo e a conhecer e atender as próprias necessidades. “Até que você seja capaz de amar e cuidar de si mesmo não será muito útil para os outros”, alerta Thich Naht Hanh.

Ilustração de Michael VOLPICELLI

A imagem acima foi retirada do livro A Arte de Amar, de Thich Nhat Hanh.

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LIMA, A. A. A Arte de Amar, 2017. Disponível em; <http://www.ressonancias.com/a-arte-de-amar>. Acesso em: dia/mês/ano.